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Rosalba Saraiva

Graduada em Letras | Pós-graduada em Língua Portuguesa Professora, escritora, representante do segmento Literatura no Conselho Municipal de Cultura de Arroio dos Ratos

Falta Sororidade

Como é que no Brasil ainda existe tanta covardia e violência contra a mulher, se o número de mulheres é muito mais expressivo que o de homens?

A conta matemática não fecha, até pode ser que em 2024, a posição dos números tenha se movimentado, mas é óbvio que as mulheres ainda são maioria, aliás, no Brasil e no mundo, porém, vamos  analisar só o território brasileiro. 

Somos um grupo de 6 milhões a mais do que os homens, segundo o IBGE 2022, 104,5 milhões contra 98,5 milhões , ou seja,51,5% X 48,5%. Isso vira qualquer placar ou guerra, muda uma realidade.

Somos ficantes, crushs, minas, namoradas, noivas, esposas, amantes, cunhadas, vizinhas, colegas, amigas, primas, mães, tias, avós, sem falar nas mais variadas profissões, que comprovam que  as mulheres estão espalhadas por todos os espaços, são milhares, uma multidão de professoras, babás, cuidadoras, médicas, jogadoras ,artistas, advogadas, policiais, aeromoças, nem tem como listar.

É a era do empoderamento feminino, liberdade de escolhas, então, por que apanhamos e somos espancadas, torturadas, mortas? Como ainda temos a ingenuidade de permitir a aproximação, a confiança, o amor?

Há diversas respostas, no entanto, debruço-me sobre uma:somos vítimas porque temos quantidade, mas não força, as mulheres não se apoiam, não se protegem.  

Nas conversas informais, na família ou entre amigos, já se percebe as falas machistas vindas das próprias mulheres, como: “apanhou porque merece”, “foi morta porque traiu”, “ela gosta de apanhar”. 

Essas fazem parte de um tribunal de mulheres que julgam mulheres, que condenam as outras por suas imperfeições, escolhas e comportamento em geral.

E justificam a figura do macho, especialmente na relação afetiva, uma área livre em que o homem pode errar, trair, ameaçar, violentar, matar.
 
Parece que  mulher é sinônimo de sacrifício , até  a data de 8 de março, que se comemora o dia da mulher, faz alusão a 129 operárias estadunidenses, que morreram queimadas em um incêndio criminoso , em 08/03/1957, só porque lutavam por seus direitos ; assim como a Lei Maria da Penha,que  nos remete aos sofrimentos que Maria da Penha Maia Fernandes passou para sobreviver, ficando inclusive, paraplégica.

Felizmente  existe uma parcela imensa de homens sensatos, justos, pacíficos , para compensar a outra parcela do mal, que seguirá fortalecida pelas maiorias , pelas trincheiras femininas repletas de disputa, vaidade , revolta e sem nenhum sentimento de sororidade.

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