Arroio dos Ratos – Audiência Pública sobre os episódios de inundação da cidade entre 2024 e 2025
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- 19 de jul.
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Na quinta-feira (17), na Sala Professor Hugo de Carvalho, dentro da Câmara de Vereadores de Arroio dos Ratos, foi realizado a Audiência Pública, que contou com grande público, para tratar da causa e possíveis soluções, sobre os últimos episódios de inundação da cidade.
O primeiro a falar foi o Prefeito de Arroio dos Ratos, Renato Feiten, que após saudações, falou da importância do momento para todos, por conta dos problemas do bairro Nossa Senhora Aparecida, com a questão das cheias, apresentou um vídeo que demonstrou as áreas alagadas, inclusive com o evento deste ano.
-Eu moro há 36 anos aqui, já fui vereador e nunca vi uma enchente com esta proporção. Em 2024, quando a situação foi pior, foram 300 a 400 ml de chuva, em dois dias, e a dúvida era sobre se a culpa era da empresa ou do volume elevado de chuva. Mas desta vez, agora em 2025, foram 200ml, e nós assistimos esse impacto novamente, e agora onde está o problema? O problema precisa ser resolvido, com órgãos competentes, pessoas capacitadas, técnicas. Não estou aqui para apontar culpa e brigar, mas nós temos que ter uma solução imediata para isso. Precisamos de um estudo técnico para resolver o problema.

Pela Defesa Civil do Estado, o Sargento Nagel, parabenizou a iniciativa de procurar soluções e querer saber as causas para isso. Estamos à disposição para oferecer suporte, sempre que precisarem.
Depois o representante da Emater, Jamil Fortunato, que disse que faria um juízo do meio rural, e levantou os prejuízos sofridos em 2024.
-Em 2024 o prejuízo que tivemos foi de aproximadamente 50 milhões, pois na época, estava com 40% da área de soja por colher. Mas quero deixar claro, que o prejuízo foi por excesso de chuva e umidade, e não por inundação. Se formos analisar o meio rural não houve uma elevação tão gritante dos recursos hídricos para causar uma inundação, mas sim volume alto de chuva. Nesta última, que foi menor, ele termos de volume de água ela teve 88 a 90 ml de menor volume de água, que a anterior, mas foi considerável. Não posso fazer juízo sobre a causa, temos que fazer um grupo de trabalho com técnicos para fazer isso. E me coloco à disposição, pode me incluir no grupo de trabalho, prefeito.
Também falou o representante do Sindicato Municipal dos Areieiros do Rio Jacuí, o João Zeno de Souza Lima.
-O nosso ramo de atuação é separado de Arroio dos Ratos declarou que “achar um culpado é fácil, provar que ele é culpado é difícil. Eu gostei das palavras do prefeito, pela preocupação com a comunidade, e da Defesa Civil que se colocou à disposição e da Emater. Achei interessante a ideia de fazer um grupo de trabalho e ver o que está acontecendo, realmente chegar um ponto de ter um laudo técnico e científico, para saber as razões. Se tem uma culpa que é da Copelmi, e a prefeitura poderia pedir um laudo para a Fepam, porque para dar licenciamento eles pedem tudo, tem todo tipo de estudo para isso, ela é rigorosa, se ela licenciou uma coisa e foram feitas coisas que não foram autorizadas, eu acho que ela é culpada nisso.

Ainda falou o representante da comunidade, Gilmar Tassoni Rodrigues, tenho imagens para mostrar que não importa a quantidade de milímetros de chuva que cai, e também o porque realmente passam muitos litros embaixo da ponte de Arroio dos Ratos. O problema é que essa água não consegue passar da Ponta do Calombo, e aí vem parar aqui dentro da cidade, por culpa de um certo processo de construção de diques que tem dentro da área da mineradora. O nosso objetivo não é procurar culpados, o nosso objetivo é mostrar o culpado. (Mostrou fotos de pontos de áreas, no Poço 4, com a CAVA SUL, e os diques.). Não estamos preocupados com a quantidade de chuvas e sim com a manutenção destes diques e quando bater dentro das galerias, com mais chuva vai transbordar e entra pela sanga da Ipiranga, e vai entrar a cidade.
O advogado José Roger Carvalho, que representa os moradores que criaram uma comissão em 2024, com os recorrentes problemas com a mineradora.
- Lamento a ausência da Copelmi aqui, era a oportunidade para trazer os dados da situação e dos danos. Pois temos uma empresa privada, mineradora, que resolveu minerar numa zona urbana da cidade, onde existem centenas de imóveis de um lado, e do outro um arroio. Não foi um órgão público que determinou que ela deveria minerar em área urbana, uma mina, com cavas a céu aberto. Em 2019, houve ajuste, junto ao Ministério Público, para minimizar esses problemas seria criada uma nova estrada para passar os caminhões, que causavam problema de poeira, sujeira e ruído. Mas aí criaram um outro problema, que a estrada passou para outro lado da BR, canalizaram o arroio Ipiranga, foram construídas galerias que são impactadas com os eventos climáticos. As cavas obstruem as galerias. Eu indico uma Inspeção judicial, in loco, na mina, para verificar a situação e esclarecer.
Algumas pessoas, representando os moradores presentes, se inscreveram e tiveram espaço de fala, com relatos impactantes sobre a experiência.
A Pricila Grafeti, que é moradora do bairro Centro, há 15 anos.
- Em 2024, perdi tudo, não deu tempo de tirar nada. Não quero outra casa, queremos a nossa casa. Precisamos de soluções e medidas concretas, todos merecem segurança, respeito e dignidade. E para terminar minha declaração: Não, não é a natureza.
E a Tatiane Godoi da Fonseca, de 43 anos, que mora desde sempre na rua João Tissot, disse que precisou pedir ajuda, e não tem vergonha de dizer que está sendo atendida pelo psiquiatra, pois o impacto não é só na perda de bens.
- Nós vivemos com medo, com cada chuva, mas ainda temos esperança. Precisamos que olhem para nosso bairro com atenção, essa audiência precisa ser um marco e um ponto de virada para todos.
Outros moradores puderam falar e dar suas declarações a respeito, mas no geral todos pediram ajuda, por não suportar mais serem impactados pela água.




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