Feminicídio – O reconhecimento do trabalho de duas estudantes de Butiá, em defesa das mulheres
- Meta Notícias
- 4 de dez.
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As meninas Isabela Oliveira Escouto e Luisa Lucas Machado, de 14 e 15 anos, que são alunas da escola estadual Visconde de Mauá, em Butiá, tiveram a iniciativa de produzir um projeto sobre feminicídio, que tem ganho destaque dentro e fora do Município.
Meta: Como funcionou a iniciativa do projeto de vocês?
Meninas: A nossa escola tem todo ano a TPM – trabalho de pesquisa Mauá, que é tipo uma feira de ciências, e nós tínhamos três temas escolhidos e não tínhamos decidido ainda. Mas na semana de Páscoa assistimos noticiar na TV dez casos de feminicídio em uma semana, e decidimos por este tema na hora, por que ficamos chocadas.
Elas relataram que as pesquisas para o trabalho iniciaram em abril, contaram com a coordenação do professor Ricardo, que deu dicas e ajudou com algumas pesquisas e durante apresentação do TPM tiraram nota 10, e receberam o primeiro convite para apresentar fora da escola.
O projeto apresentado com título forte, “Silenciadas pelo medo, mortas pela violência”, ganhou o 1° Lugar na MOCITEC, este ano.
-Na Mocitec cada trabalho passa por avaliação de jurados, e temos que apresentar, e acabamos conquistando o Primeiro Lugar em escola Pública. Comentaram as meninas.
Para participarem da 5ª Semana Maria da Penha, aconteceu quando a escola recebeu um email avisando sobre o evento, e como as meninas tinham este projeto elas mesmas pediram ao professor para inscrever. E foram selecionadas para irem apresentar o projeto na capital gaúcha, junto a muitas outras escolas.

Anteriormente, foi apresentado na Câmara de Vereadores, por convite da vereadora Enfermeira Ellen, no evento da Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres.
-Durante a TPM a vereadora Ellen Amaral, viu o nosso projeto e gostou muito e nos convidou para apresentar na Primeira Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres, na Câmara de Vereadores de Butiá.

E elas após inscreverem, com ajuda do professor Ricardo, o projeto na Semana Maria da Penha, pela escola, foram selecionadas para irem apresentar o trabalho, e foi a primeira vez que a escola Mauá participou deste evento.
- Inscrevemos o projeto para a Semana Maria da Penha, das escolas, em Porto Alegre, e foi a primeira vez que a escola Mauá enviou um projeto para este evento e foi muito importante apresentar lá, onde tiveram tantos trabalhos criativos e conseguimos trocar experiência com alunos de outras escolas.
O 5ª Semana Maria da Penha, foi realizado entre os dias 25 e 26 de novembro, no Auditório do TCE/RS, e reuniu 60 escolas com projetos de conscientização sobre violência contra a mulher, é promovido em parceria com a Secretaria da Educação (Seduc) e o Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (EmFrente, Mulher), do Programa RS Seguro.

META: Como foi apresentar para um público maior e de pessoas que não são conhecidas, na capital gaúcha?
Meninas: Achei mais tranquilo do que na Mocitec, porque tinham avaliadores mas a cobrança era menor, por ter tantos outros trabalhos, um outro nível, e ficamos felizes só de participar. Seria importante ter uma semana para tratar deste assunto nas escolas, não só no Mauá, mas que outras escolas aqui da cidade dessem oportunidade aos alunos para projetos com temas escolhidos que envolvesse pesquisa.

Meta: Como vocês tem se sentido na luta desta causa em defesa das mulheres e contra a violência doméstica/feminicídio?
Meninas: Foi muito bom saber que podemos contribuir para estar salvando as mulheres, pois quem sabe elas tenham mais coragem de denunciar os agressores, e como é importante se apenas uma ouvisse e conseguisse sair de uma situação de insegurança, já valeria a pena. Durante a apresentação do trabalho notamos que muitas mulheres não conheciam o sinal que solicita um pedido de ajuda, e a partir dali elas saíram conhecendo, sabendo pra onde ligar, isso é gratificante.
As meninas trouxeram o relato de uma mulher, após uma das apresentações do trabalho, que acharam muito especial.
-Ela se aproximou e contou que o marido era agressivo, xingava e batia mas que conseguiu sair e ficou emocionada em nos ver com essa idade, apresentando este trabalho, pois na vez dela não teve muito apoio.
Meta: E como tem sido os comentários dos meninos/homens sobre o trabalho de vocês?
Meninas: A gente não escutou ainda os meninos falando, mas tiveram meninas que comentaram que o nosso trabalho não era tudo isso, não merecíamos, quando conquistamos o destaque. Mas na escola quando fomos fazer a pintura dos bancos, alguns meninos ofereceram ajuda, isso foi bacana.

Elas deixaram uma mensagem para meninas e meninos, tanto da cidade, como no geral.
-Meninas e mulheres merecem viver em segurança e ter respeito, não só aparecer em estatística. Toda mulher merece viver livre, segura e ser respeitada. E pedir ajuda não é fraqueza, e sim coragem. Combater feminicídio não é apenas responsabilidade das vítimas, mas de todo mundo. E os meninos precisam de bons exemplos em casa, para ter uma boa educação e entender que as mulheres precisam ser bem tratadas.
O Meta agradece a visita das meninas, junto as suas mães, para essa entrevista que demonstrou a dedicação e empenho delas em continuar através deste projeto colaborando levando informações para tantas mulheres. E parabéns a escola Mauá, pela iniciativa do trabalho de pesquisa que estimula os estudantes a conhecerem a fundos temas sensíveis e importantes.




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