História – Mesmo após transplantada, butiaense continua a luta pela doação de órgãos, para outras pessoas
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A Zeloi Vieira da Silva, moradora de Butiá, procurou a redação do Meta porque gostaria de contribuir com a sua história, para uma matéria sobre a importância da doação de órgãos.
Fazem 29 anos que ela é transplantada, e está sua iniciativa demonstra solidariedade para com pessoas que ainda estão na lista do transplante, aguardando uma doação. Ela conta como chegou até o diagnóstico que indicava que apenas um transplante, salvaria sua vida.
- Entre os sinais que eu percebi estava o emagrecimento, tive um sangramento esofágico e fui parar pela primeira vez na UTI da Santa Casa, em Porto Alegre, então realizei vários exames e biópsia hepática, e foi quando o médico foi bem claro ao dizer “ou a senhora transplanta, ou morre”. Estive muito mal, chegaram a pedir 60 doações de sangue, e foi realizada uma campanha aqui em Butiá, onde as pessoas ajudaram.
Com apenas 40 anos, ela entrou na lista de espera (14 de fevereiro) para aguardar a doação do órgão, que no caso dela era fígado, e nessa época já tinha 21 anos de casada, com o Rubenval Gomes da Silva, com quem neste dia 13 de dezembro de 2025, completa Bodas de Ouro, ou seja, cinquenta anos de vida matrimonial, com o seu “chicletinho” como menciona.
Ela conta que não conseguiu nem agradecer a tempo, pela mobilização das pessoas para doação de sangue, pois precisou novamente ir para o hospital com sangramento. Além da luta pela medicação que é bem onerosa.

Mas em um sábado, em 30 de junho de 1996, após um ano e meio de espera ela recebeu uma ligação informando que havia a doação e nesta mesma noite, ela foi ao transplante. No mesmo dia em que o filho mais velho estava se formando em enfermagem.
-Lembro que comentei com os enfermeiros e médicos no hospital que “hoje eu vou chorar”, pois não poderia estar presente na formatura do meu filho. Mas um deles me disse “agradece a Deus que mesmo com tantas dificuldades ele estará se formando”. Deitei, peguei meu livro da grande promessa e rezei muito, foi quando o médico entrou e me disse que a “ havia uma luzinha no fim do túnel” que estava se aproximando, depois da visita do meu filho eu soube que tinha dado tudo certo, que o órgão seria meu.
O filho dela contou que após a formatura, quando foi para casa, tinham muitas pessoas aguardando por notícias da Zeloi, que ainda estava em cirurgia.
-Foram 9 horas de operação, quando acordei passei a mão abaixo do estômago e pensei “tô viva”. E meu filho contou que já encontrou com minhas irmãs indo para o hospital, e quando chegaram eu já estava no isolamento. Eles me viram entubada, com apenas 37quilos, e eu depois perguntei porque não tinham tirado uma foto, mas eles preferiram não fazer naquele momento.
Após a cirurgia, ela conta que se recuperou bem e passado apenas 3 dias o médico chegou no quarto informando que ela ficaria um tempo sentada, pensou que não conseguiria, mas para sua surpresa conseguiu, e ficou muito satisfeita.
-Sempre contei com pessoas muito atenciosas, humanas, eram profissionais de alto gabarito mesmo. Me seguraram pelas mãos e me puseram sentada, com vista para a parte arborizada que era muito bonita, no hospital. E após pouco mais de 2 meses, ganhei alta e pude voltar para casa.
No retorno para sua casa dona Zeloi conta que levou um susto com acidente em que o filho passou, mas ficou feliz em já estar bem pois conseguiu cuidar dele, estando em casa.
- Eu precisei ser mais cuidadosa com alimentação, tomar as medicações na hora certa e seguir todas as recomendações médicas, mas tudo correu muito bem.
A Zeloi diz que conheceu e conhece muitas pessoas na Santa Casa que precisaram de uma doação e não sobreviveram, assim como outras que ainda estão na lista aguardando. A família toda dela já está ciente que ela quer doar os órgãos após sua morte.
-Eu ouvi muito que não iria conseguir uma doação pois só gente rica costuma conseguir, mas eu consegui tudo pelo SUS e sou muito agradecida por isso. Ninguém está preparado para ficar sem a mãe, em qualquer idade, tentei preparar meus filhos para isso, mas tinha muita fé que tudo ia correr bem para mim.

A doação que Zeloi recebeu veio da decisão familiar, de uma menina de 14 anos que infelizmente havia cometido suicídio, e a maturidade destas pessoas num momento de dor, fez com que uma vida fosse preservada. Ela sempre teve curiosidade para conhecer estes familiares para agradecer, mas não forçou este encontro.
E fica a nossa homenagem ao casal que completa 50 anos hoje, em que ela conta que estão agradecidos, pois tem 3 filhos (Junior, Gisele e Anderson) 8 netos e 2 bisnetos, todos saudáveis.
-Temos uma trajetória de dificuldades e evoluções, pois não se chega a esta data de casamento dizendo que foram “só flores”, mas vale a pena. Ele me paquerava quando eu saia do meu trabalho, eu era tímida e séria. Mas foi em um baile no Tênis Clube, em que me tirou para dançar e não desgrudamos mais, depois de alguns meses noivamos, fomos construindo a casa para então casarmos. Temos uma vida calma e construímos uma linda família juntos.




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