Histórias – Tantas Maras, na Mara de Butiá
- Meta Notícias
- 19 de jul.
- 3 min de leitura

Acredito que se tiver, são poucas as pessoas, que não conheçam a Mara do carnaval, do movimento da Consciência Negra, do pagode, do partido dos trabalhadores, a agente social e política da cidade de Butiá.
Mas, vamos apresentar oficialmente, para quem ainda não teve a honra de conhecer e conviver com a Mara Regina Rodrigues da Silva, de 66 anos, natural e residente de Butiá, casada e mãe de quatro filhos (um deles, in memoriam).
Meta: Quando perguntei para ela como costumava se apresentar aos outros, respondeu assim:
-Sou a Mara Rodrigues, integrante do movimento Consciência Negra aqui de Butiá, fundadora do Partido dos Trabalhadores, carnavalesca, cantora de pagode, mulher negra, mãe de 4 filhos, casada e feliz.
E quem já conviveu com a Mara, seja no trabalho, ou em todas as outras atividades que ela já fez parte, sempre falam dela da mesma forma, “energia no alto”, “riso largo”, “acolhedora”, “ cheia de atitude”, “mulher vibrante”.
Mas para conhecer mesmo a história de uma pessoa, começar pelas raízes, pelos pais explica um pouco da essência.
Mara é filha da dona de casa, Luci Rodrigues, a quem ela sempre se refere como “mãezona”; e do mineiro, Nelson Rodrigues, que embora tenha falecido enquanto ela era muito criança, deixou recordações marcantes.
-Lembro que a minha mãe plantava, lavava roupas para fora e que nós tínhamos criação de galinha e de porco. Ela gostava de ter todos os filhos “embaixo da asa”, minha mãe sempre foi uma mãezona, a perdi quando tinha 30 anos. E quando o meu pai partiu eu tinha de 4 para 5 anos, e a pouca lembrança que eu tenho dele é muito forte, estava sempre comigo no colo, e sempre me levava junto ao armazém perto da nossa casa, comprava balas e pirulitos.
A atuação dessa mulher sempre foi junto à comunidade, com atividades voluntárias em ações de solidariedade em prol das pessoas em vulnerabilidade e incentivando as mulheres para que vissem seus direitos, principalmente as mulheres negras.
Fez parte de uma associação de futebol chamada Butiá Clube, participou de uma equipe de mulheres no vôlei, foi uma das fundadoras do partido dos trabalhadores na cidade, trabalhou como cargo de confiança na prefeitura, dentro do Bolsa Família e na Coordenadoria das Mulheres.
Hoje ela voltou a atuar na comunidade, é carnavalesca; na banda de pagode convida mulheres que gostem de cantar para participar; e ajuda a educar os sete netos.
E ela trabalhou em várias áreas, e diz que todas foram gratificantes, pois ensinaram algo para a vida
- Eu trabalhei no MOVA – movimento de alfabetização de jovens e adultos, no governo Olívio Dutra, como coordenadora do Município, onde conseguimos alfabetizar adultos aqui e em outros municípios. Aqui tínhamos turmas da sociedade espírita, associação de moradores da Vila Nova e interagíamos muito com outros municípios. Tivemos pessoas que se alfabetizaram no Mova e depois continuaram com estudos, fizeram faculdade, então foi muito gratificante.
Atuei também na cidade como conselheira tutelar; diretora do antigo Piazito, hoje Centro Acolher; coordenadora de políticas públicas para mulheres; realizei oficinas e projetos como o “meu primeiro enxoval”, com gestantes, dentro da coordenadoria das mulheres. Todas estas oportunidades me encantaram e sou muito grata por cada uma, pois todas transformaram a minha vida.
Sobre a participação das mulheres na política, que não tem como deixar de mencionar já que faz parte da história dela, dá para notar no brilho dos olhos, a importância que tem.
-A participação na política para nós, mulheres, é muito importante. A política não foi feita só para os homens, nós merecemos “um lugar ao sol”. Já passou o tempo que o homem podia tudo e que a mulher só ficava em casa cuidando dos filhos e dos serviços domésticos. E se nós podemos ensinar nossos filhos, e os filhos dos outros, porque não podemos governar o Município, Estado ou País? Só nos prepararmos e aproveitarmos as oportunidades que aparecem.
E para encerrar, ela compartilha com as mulheres, para que levem para suas vidas, um pouco da sua experiência.
-Temos que ter sempre empatia, sempre nos colocarmos no lugar do outro, e não se achar acima de ninguém, pois isso faz toda a diferença. Que sempre que tivermos oportunidade, sejamos voluntários em algum trabalho ou ação, pois faz diferença, na vida de cada um.
Escrita por Tanise de Mattos.




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