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O Meta vai falar sobre Saúde Mental - Você já ouviu falar de Anedonia?




Este mês abre a reflexão sobre prevenção ao suicídio, e vamos ouvir muitas falas que vão trazer os casos, os dados, o que pode causar, onde pedir ajuda e com quem, tratamentos, transtornos mentais, entre outros. É o chamado Setembro Amarelo!



E neste contexto, existe um sintoma, que tanto pode ser indicativo quanto fazer parte do quadro de uma pessoa com diagnóstico de depressão e de outros transtornos ou estados mentais, que é a ANEDONIA.


A redação do Meta convidou o psicólogo, Edson Leal, para conversar sobre ações que podem acolher e estimular as pessoas com dores mentais, para que possam procurar ajuda profissional.



O que é Anedonia?


Anedonia é um sintoma, em que a pessoa sente um esvaziamento de sentido nas coisas que antes geravam prazer a ela, fica anestesiada. Não é unicamente ligada a tristeza, mas sim a não sentir emoção, nem satisfação, com nada. É bastante relacionada ao aumento de casos de suicídio, já que o sentido da vida se perde.


Ela está presente em até 75% dos adultos e jovens, já diagnosticados com depressão, e pode também ser um indicativo para a doença. A ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria, afirma que Anedonia atinge cerca de 70% dos pacientes com depressão e no Brasil afeta mais de 11,5 milhões de pessoas.


Mas também pode se apresentar em casos de pessoas com transtornos de ansiedade, esquizofrenia, neurastenia, dependentes químicos, câncer, distúrbio alimentar, Mal de Parkinson, entre outros.


Mas a boa notícia é que como é um sintoma, e não um transtorno, tem cura.


Alguns indícios destes sintomas, são: alteração do sono ou insônia, cansaço excessivo, aumento ou queda do peso, dificuldade de concentração, diminuição ou perda total da libido, apatia.


O que causa Anedonia?


Existem muitas ocorrências que podem ser a causa, como transtornos mentais, depressão, distúrbios alimentares, doenças psiquiátricas, dependência química e mau funcionamento de diversas funções cerebrais, principalmente alterações no circuito de recompensa do cérebro. Assim como a situação em que a pessoa se encontra ou a dificuldade que ela possa ter enfrentado, ou ainda enfrenta. Segundo o psicólogo, Edson, muitos são os caminhos que podem desenvolver o sintoma.


- Tem várias coisas que geram Anedonia. Apesar de serem muitos casos de pessoas com depressão severa desenvolverem Anedonia, existem algumas outras condições geradoras. A primeira é a diminuição da Dopamina, que é um neurotransmissor que leva informações para o corpo e quando liberada provoca sensação de prazer e aumenta a motivação; segundo são as situações a que são expostas as pessoas usuárias de substância psicoativas ou algum tipo de droga; e outro contexto são as pessoas que tem muitas atividades diárias e se cobram por não darem conta como acham que deveriam, o que causa muito estresse e ansiedade, que pode levar também a este sintoma.


A explicação sobre as causas dos sintomas é muito ampla, e cabe a contextualização sobre o que seria o circuito de recompensa, e substâncias como dopamina, noradrenalina e cortisol; seus mecanismos e efeitos sobre as pessoas, que estarão no final da matéria.


Quando pedir ajuda?


É comum as pessoas procurarem amigos ou familiares de confiança para falar do que está incomodando, tirando o sono e a paz. Mas ainda não é tão comum, como deveria, as pessoas procurarem por ajuda de um profissional da saúde quando perceberem os primeiros sinais de que não estão bem. E como dica aos familiares e amigos de pessoas que estão aparentando não estarem bem, como antes, o psicólogo Édson fala sobre qual o momento de pedir ajuda.


- Na nossa sociedade de produção as vezes as pessoas são instigadas a se sacrificarem muito e nesse processo acabarem comprometendo sua saúde do corpo e mental. O momento de pedir ajuda é quando a pessoa estiver em sofrimento, ou seja, estiver vendo pouco sentido na vida, quando estiver sempre se sentindo cansado, não encontrar mais alegria nas coisas simples, deixar de ter vontade de conviver com as pessoas em espaços sociais e familiares, quando a vida estiver parecendo vazia, é a hora de procurar ajuda.


Riscos da automedicação


Geralmente o que se assiste são as pessoas tomando medicações por sua conta e risco, sem passar por um profissional da saúde. E podem conseguir por um amigo já diagnosticado, que repasse a medicação com intuito de ajudar.


A primeira ação é digitar no “Doutor Google” os sintomas, se identificar com a leitura e procurar medicação. O que além de não ser eficaz, pode ser muito arriscado.


- Com relação a medicação psiquiátrica é preciso ter muita responsabilidade ética, tanto o profissional que prescreve, quanto as pessoas que utilizam. Aliás não só para medicação psiquiátrica e sim para todo tipo de medicação. A medicação tem efeito terapêutico, mas também tem um dano colateral, e a maioria dos médicos atuam considerando se o dano colateral é menor do que o efeito terapêutico. Como exemplo vamos citar a ansiedade, um transtorno de ansiedade em que são necessários medicamentos, que é diferente de ter um dia ruim, desgastante, ou ser demitido. Neste segundo caso tomar um ansiolítico, pode naquele dia diminuir a ansiedade, mas que carrega consigo uma série de impactos neurofisiológicos que podem agravar muito o quadro de ansiedade e fazer com que a pessoa tenha que fazer um tratamento consistente e persistente para ansiedade, que ela não precisaria fazer se entendesse que a medicação psiquiátrica não é igual a fazer uso do Doril, para dor de cabeça. Não dá para consumir desta maneira. É preciso fazer um tratamento psicoterapêutico e farmacoterapêutico em alguns casos. Explica, o psicólogo.


Tratamento


Após o diagnóstico de Anedonia, a terapia será necessária para ajudar a pessoa a conhecer estratégias que podem ajudá-la a passar por este quadro, além do acolhimento e atenção da família, uma atividade física, boas horas de sono, uma boa alimentação, são indicações.


Mas temos que lembrar que nem todas as pessoas têm condições econômicas de realizar as indicações de tratamento, por estarem em estado de vulnerabilidade social.


- Antes de tudo temos que saber que algumas pessoas têm transtornos mentais que derivam do modo de existir delas, e outras do grau de vulnerabilidade em que se encontram, de não ter comida, não ter como pagar luz, aluguel, comprar roupa nova para o filho, esse tipo de condição que mexe com a saúde mental. Terapia sem comida na mesa, não funciona. Mas a melhor maneira de ajudar uma pessoa com Anedonia, ou depressão grave, é estender a mão e, com sensibilidade, levar a pessoa para o máximo de experiências que ela conseguir fazer. Retirar da “inércia” depressiva.


Na saúde mental existe o que chamam de tripé, que são três coisas básicas: sono, exercício físico e alimentação, são as estruturas basilares para ter saúde mental.


- Os mecanismos protetores de saúde mental, fazem parte deste tripé. Quem tiver uma boa experiência de sono, estiver dormindo bem, fazendo exercício e comendo bem, corre pouco risco de ter problemas de saúde mental. Disse, Edson.


Ainda existe o tabu de que procurar um psicólogo é “coisa de louco”, o que dificulta ainda mais que as pessoas que precisam de atendimento se sintam encorajadas a procurar ajuda profissional. Mas é necessário, que as pessoas entendam a importância para manter a vida de quem sofre com dores mentais e emocionais, de um acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra, conforme o caso.


- Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde do corpo. Se não cuidar do corpo, a mente vai dar o alerta e vice-versa. Se a pessoa está extremamente desgastada, não consegue descansar nunca, nunca consegue gerar uma interrupção, como se estivesse num filme de ação 24 horas por dia, com dificuldade de ter prazer nas coisas simples, falta de consciência corporal, vive se sentindo desafiado, incapaz, precisa de ajuda. Se olha no espelho e não consegue encontrar coisas que agradam, não consegue achar atributos na sua personalidade, ou valores, sente que sua vida não faz sentido, percebe que esta descolada de todos dentro da família, não espera, procura ajuda. Um profissional da saúde vai te ajudar a fazer as rupturas corretas, a se olhar com mais amor, tratar das coisas com cuidado e mais acolhimento. Comenta, o psicólogo Edson Leal.


Entre para as estatísticas de pessoas que procuraram ajuda profissional e vivem melhor a vida, as relações e conseguem então arrastar mais pessoas para dar atenção à saúde mental.



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