Butiá – Famílias atípicas seguem aflitas, por falta de atendimento aos seus filhos
- Meta Notícias
- há 1 dia
- 4 min de leitura

No final de semana, foi publicada na rede social através de várias famílias atípicas, o que chamaram de uma Nota de Repúdio, em que se demonstrava o descontentamento e aflição sobre a falta de retorno do início de atendimentos de muitas crianças, já com diagnóstico de TEA, no TEAcolhe da saúde municipal.
Esteve na redação do Meta a mãe de três filhos diagnosticados com TEA, a Rhana Pedebos da Silva, que mora no bairro São José e compareceu com dois dos seus filhos, um deles muito orgulhoso do cordão de identificação no pescoço, com a foto e nome dele. Eles estudam em três escolas distintas Maria Camargo, Mundo dos Sonhos e Alcides Conter.

- O diagnóstico dos meus filhos é mais recente, mas eu já acompanhava um sobrinho que tinha três anos de diagnóstico e era atendido no Ceama. Foram as escolas que me solicitaram que procurasse por atendimento para meus filhos, eles têm o diagnóstico onde dois deles em estágio moderado nível 2, e o outro moderado nível 1. Sem condições para os custos das terapias e atendimentos que eles precisam, procurei o TEAcolhe em abril, deste ano.
A Rhana, contou que não trabalha, recebe o bolsa família, é mãe solteira, então que está ficando desesperada com a falta de retorno da saúde.
- Procurei o TEAcolhe, fui chamada para a avaliação de acolhimento, apenas para um dos meus filhos que tem grau moderado 2. Foi a Larissa que me atendeu e me informou que iria demorar, pois havia uma fila de espera de 70 pessoas, que estavam chamando quem acreditavam ter mais necessidade, e desde então não tive mais retorno. Então, é uma demanda muito grande, e a gente não consegue mais chorar, o choro já não nos alivia mais.

O que aflige mais as mães e responsáveis, com a falta de atendimento destas crianças, é que estão dando sinais de regressão diariamente.
-Nossos filhos estão regredindo muito, todo dia muda alguma coisa, como no meu caso noto que um deles voltou a fazer as ”necessidades” na roupa, a fala também está prejudicada. Estive conversando com o secretário de saúde, que ficou de conseguir uma terapia por semana, para cada um dos meus três filhos, mas até o momento sem retorno.
Segundo esta mãe, ela soube que se não há atendimento pelo SUS, a secretaria de saúde poderia dar uma negativa, para procurar a justiça junto ao Estado. E que muitas mães estavam tentando fazer isso.
- O que me passaram é que o secretário de saúde não está liberando essa negativa. O secretário mesmo me disse que não estão liberando negativa, para fazer a busca destas terapias.
Outra mãe que conversou com a redação, foi a Camila de Almeida Corrêa, que veio de São Salvador do Sul para Butiá, pois aqui tem familiares que poderiam ajudar com os três filhos, até o momento um deles, o Fernando, de 13 anos, que já tem o diagnóstico, esteve na lista de espera do Ceama em 2024, e agora ela esteve no TEAcolhe onde foi informada que não havia previsão de iniciarem os atendimentos dele, pois a lista de espera era muito grande. Os outros dois filhos de 3 anos, aguarda atendimento com neuropediatra; e o de 16 anos que ainda não tem laudo fechado e está sem atendimento.
-Estou focando no Fernando, pois ele já utiliza medicação forte e está regredindo, com dificuldade de utilizar o banheiro, inclusive. Ele foi atendido pelo psiquiatra do CAPS, mas por conta do laudo precisa ser atendido no TEAcolhe. Lá na outra cidade eles tinham atendimento de psicóloga, psiquiatra ao menos, não imaginei que aqui não conseguisse atendimento para eles. Comentou a Camila.
A redação conversou com muitas mães, e notou que os filhos com laudo/diagnóstico não é garantia de atendimento no TEAcolhe, algumas passaram pelo acolhimento, mas já ficaram sabendo que demoraria, e estão sem retorno até o momento.
Outras mães têm diagnóstico de um filho, e ainda precisa de atendimento para outros que aguardam do neurologista e exames.
Consta ainda a história de uma criança com investigação de diagnóstico de TEA, mas que com outras deficiências era atendida no CEMEI, então ganhou alta, e o médico que estava fazendo a avaliação necessitava que essa criança tivesse atendimento de uma psicopedagoga e de psicóloga, mas não conseguiu ainda para encaminhar ao médico, na época o Dr. Lucas, e por isso está sem atendimento desde final de 2024.
Tem responsáveis que conseguiram passar pelo acolhimento e seus filhos estão sendo atendidos uma vez na semana, no TEAcolhe, por educador físico, ou por terapia ocupacional, ou neuropsicopedagoga e psicomotricista. Mas geralmente para estes que contam com um atendimento, de um especialista, faltam os outros atendimentos, pois a maioria precisa de psicólogo, neuropsicopedagoga, terapia ocupacional, psicomotricista.
Transporte da saúde e escolar para crianças com TEA
Pelos relatos de algumas mães, também há dificuldades quanto ao transporte da saúde, para levar para consultas. Uma delas relatou que o filho tinha uma consulta com ortopedista, para tratar de um problema congênito, além de ter o diagnóstico do TEA, mas que perdeu pois o transporte atrasou. E também o tempo de espera para retornar, onde a demora é muito longa, e sem levar em conta que pessoas com autismo podem ficar agitadas e irritadas por aguardar tanto.
E o transporte escolar também não tem acessibilidade, e nem atendimento especializado para crianças com TEA.
-O SUS em Butiá está precário, é gritante a falta de respeito com a nossa causa. Declarou, uma mãe.
O Meta com essa matéria cumpre com seu papel, que é de informar um fato, para a partir dele, dar espaço de fala a todas as pessoas e instituições que trabalham, neste caso, com saúde pública e com o TEAcolhe. Estaremos procurando e ouvindo as outras partes que fazem parte deste tema, para trazer a público o que está sendo realizado e o prazo considerável para solucionar esta necessidade de tantas famílias atípicas, de Butiá.
Na terça-feira (15), já temos uma reunião agendada com Secretário de Saúde Municipal, e daremos seguimento, com mais informações e atualizações a respeito deste fato.